A coisa de que mais gosto quando viajo é ver como são e como vivem as pessoas dos lugares por onde passo. Não tem nada melhor do que andar pelas ruas e olhar. Simplesmente olhar.
Ah! tem coisa melhor, sim. Melhor do que isso é sentar-se num banco de praça ou, ainda, num café e deixar-se ficar observando o movimento.
É aí que minha imaginação viaja.
Fico horas tentando adivinhar quem são as pessoas que passam, roteirizando suas vidas, dando-lhes nomes, apelidos, estado civil, profissões, preferências e manias. Gosto de observar os detalhes, como se vestem, o que comem, algum tique nervoso existente ou inventado.
Imagino que passantes e garçons, ao me verem solitária e aparentemente alheia a tudo também devem ficar criando teorias a meu respeito. Quem será essa mulher? O que será que tanto olha? Por que será que escreve tão depressa naquele caderninho ensebado?
Divirto-me com esse suposto jogo. E, por vezes, gosto de instigar a curiosidade alheia. Imagino o que devem estar imaginando sobre mim e embarco no personagem imaginariamente criado por quem minha imaginação criou.
Muito complexo? Ótimo. E quem quer uma vidinha previsível, pequenininha, linear?