Alexandre, Isabela e eu em nossas andanças hispânicas |
Um privilégio meus olhos terem visto tantas maravilhas.
Andei com Isabela e Alê, por alguns lugares já conhecidos e por outros - a maioria - inéditos, e sinto que esta viagem de descobertas e afetos é um presente em minha vida.
Salamanca |
Voltei a Salamanca, onde já havia estado, e encontro, nessa cidade cheia de vida, um lugar ainda mais encantador, quase mágico, onde tudo é solene e, ao mesmo tempo, irreverente. A imponência dos edifícios se contrapõe à alegria de estudantes e turistas. A beleza arquitetônica tão sólida se mescla à volatilidade de seus visitantes e isso dá à cidade um tom único. Parece que, entre helados, tapas e vinos, todos ali querem apenas ser felizes.
Mar da Cantábria |
Depois de refeições maravilhosas, que incluíram do mais simples ao mais sofisticado, escolhidas por quem entende de boa comida, seguimos em nossas andanças hispânicas em direção à Cantábria, onde Alexandre tem parentes.
Quanta beleza nessas paragens! Belezas que quase não cabem nos olhos.
Santander |
Playa el Sardinero |
Em Santander, praias lindas, tomadas por essa alegria particular que o verão traz. Praias realmente lindas, com areia grossa e mar azul, bem diferentes das praias que eu já tinha visto na Europa.
A cidade é bonita, elegante, bem cuidada, com vários pontos de acessibilidade, como esteiras e escadas rolantes, já que a geografia da Cantábria a premiou com algumas colinas íngremes, a par das praias e das montanhas.
Esteiras rolantes |
A comida e a vida noturna foram pontos de destaque. Comer ao ar livre, tarde da noite, em absoluta segurança, à luz da lua cheia sobre o mar, à nossa frente, ou, então, numa praça, no centro da cidade, lotada de jovens, crianças e velhos, traz uma sensação maravilhosa.
Quase meia noite e as praças estavam em festa. |
Comemos muitíssimo bem, pescados fresquíssimos e pratos típicos montanheses, sempre acompanhados dos ótimos vinhos da região, por preços bem razoáveis, a se considerar a qualidade da comida e dos restaurantes.
Pescado |
Fizemos passeios incríveis, como a visita ao farol de Santander, à praia de Suences e à Santillana del Mar, a terra de Gil Blas, o famoso personagem de Alain-René Lesage, do romance picaresco de mesmo nome, que li há muitos anos.
Santillana del Mar |
Hoje, guiados pela simpaticíssima e querida Isi, madrinha do Alê, fomos às compras no Mercado de la Esperanza e em outras tiendas de vinos e produtos típicos da Cantábria.
Mercado de la Esperanza |
Mais tarde, estivemos em Puebla de Sanobria, com seu Castillo do século XIV, de onde se tem uma vista panorâmica incrível. Adorei saber que essa cidade faz parte da rota de Cervantes e que é citada no romance Don Quixote de La Mancha.
Castillo de Puebla de Sanobria |
Mas o ponto alto desta viagem foi a visita às Cuevas de Monte Castillo, declaradas Patrimônio da Humanidade.
Entrada da Cueva del Castillo |
Elas ficam a 30 km de Santander, em Puente Viesgo, e formam um conjunto de quatro cavernas que abrigam um dos mais importantes conjuntos de arte rupestre do período Paleolítico Superior. Na Cueva del Castillo tive o privilégio de ver a pintura rupestre mais antiga da Europa (de que se tem notícia), feita há aproximadamente 40 mil anos.
Foto tirada de foto explicativa no local |
Fiquei muito emocionada por estar ali, especialmente diante de pinturas representadas por várias mãos espalmadas, como se fossem carimbos com contornos vermelhos, feitas provavelmente por mulheres e crianças, não se sabe a que título.
Esse tipo de desenho foi também encontrado em outras cavernas, o que leva a crer que poderia fazer parte de alguma cerimônia ritualística.
Foto tirada de foto do Google Images |
Impossível obter respostas precisas para todos os questionamentos que esse desenhos tão remotos trazem, mas os estudiosos tentam incansavelmente recompor o modo de vida de nossos ancestrais.
Há nessas cavernas desenhos que podem ter sido feitos pelos neandertais, embora a maior parte das pinturas, com representação de cavalos, renas e bisões, já tenha sido feita pelos Sapiens.
Não consigo descrever minha emoção por ter visto esses desenhos e ter entrado nessas cavernas com formações geológicas de milhões de anos.
Um privilégio.
Apenas pequenos grupos, de no máximo 12 pessoas, com horário agendado previamente, podem entrar ali. São grutas imensas, irregulares, escuras e úmidas, iluminadas apenas pelas pequenas lanternas dos guias que conduzem e informam os visitantes.
Não é permitido fotografar e nem tocar em absolutamente nada dentro das cavernas, por motivos óbvios.
A Cueva de Altamira, próxima dali, que concentra pinturas rupestres ainda mais importantes, encontra-se fechada por tempo indeterminado, para que esses desenhos preciosos não se percam com o excesso de visitas turísticas.
É fundamental preservar esses achados extraordinários, para respeitar e compreender nosso passado e também para fazê-los chegar até as gerações futuras.
Que sorte a minha!
Só tenho a agradecer à Isa e ao Alê, por terem me proporcionado essa viagem tão maravilhosa.
Volto ao Porto encantada e transformada.
Foi tudo lindo demais! ❤️