quarta-feira, 13 de julho de 2022

Espanha, olé!


Alexandre, Isabela e eu em nossas andanças hispânicas














Um privilégio meus olhos terem visto tantas maravilhas. 

Andei com Isabela e Alê, por alguns lugares já conhecidos e por outros - a maioria - inéditos, e sinto que esta viagem de descobertas e afetos é um presente em minha vida. 


Salamanca

Voltei a Salamanca, onde já havia estado, e encontro, nessa cidade cheia de vida, um lugar ainda mais encantador, quase mágico, onde tudo é solene e, ao mesmo tempo,  irreverente. A imponência  dos edifícios se contrapõe à alegria de estudantes e turistas. A beleza arquitetônica tão sólida se mescla à volatilidade de seus visitantes e isso dá à cidade um tom único. Parece que, entre helados, tapas e vinos, todos ali querem apenas ser felizes.  


Mar da Cantábria

Depois de refeições maravilhosas, que incluíram  do mais simples ao mais sofisticado, escolhidas por quem entende de boa comida, seguimos  em nossas  andanças hispânicas em direção à Cantábria, onde Alexandre tem parentes. 

Quanta beleza nessas paragens! Belezas que quase não cabem nos olhos. 


Santander

Playa el Sardinero

Em Santander, praias lindas, tomadas por essa alegria particular que o verão traz. Praias realmente lindas, com areia grossa e mar azul, bem diferentes das praias que eu já tinha visto na Europa. 

A cidade é bonita, elegante, bem cuidada, com vários pontos de acessibilidade,  como esteiras e escadas rolantes, já que a geografia da Cantábria a premiou com algumas colinas íngremes, a par das praias e das montanhas. 


Esteiras rolantes 

A comida e a vida noturna foram pontos de destaque. Comer ao ar livre, tarde da noite, em absoluta segurança, à luz da lua cheia sobre o mar, à nossa frente, ou, então, numa praça, no centro da cidade, lotada de jovens, crianças e velhos, traz uma sensação maravilhosa. 


Quase meia noite e as praças estavam em festa.

Comemos muitíssimo bem, pescados fresquíssimos e pratos típicos montanheses, sempre acompanhados dos ótimos vinhos da região,  por preços bem razoáveis, a se considerar a qualidade da comida e dos restaurantes.


Pescado

Fizemos passeios incríveis, como a visita ao farol de Santander, à praia de Suences e à Santillana del Mar, a terra de Gil Blas, o famoso personagem de Alain-René Lesage, do romance picaresco de mesmo nome, que li há muitos anos. 


Santillana del Mar

Hoje, guiados pela simpaticíssima e querida Isi, madrinha do Alê, fomos às compras no Mercado de la Esperanza e em outras tiendas de vinos e produtos típicos da Cantábria. 


Mercado de la Esperanza

Mais tarde, estivemos em Puebla de Sanobria, com seu Castillo do século XIV, de onde se tem uma vista panorâmica incrível. Adorei saber que essa cidade faz parte da rota de Cervantes e que é citada no romance Don Quixote de La Mancha.


Castillo de Puebla de Sanobria

Mas o ponto alto desta viagem foi a visita às Cuevas de Monte Castillo, declaradas Patrimônio da Humanidade.


Entrada da Cueva del Castillo


Elas ficam a 30 km de Santander, em Puente Viesgo, e formam um conjunto de quatro cavernas que abrigam um dos mais importantes conjuntos de arte rupestre do período Paleolítico Superior. Na Cueva del Castillo tive o privilégio de ver a pintura rupestre mais antiga da Europa (de que se tem notícia), feita há aproximadamente 40 mil anos. 


Foto tirada de foto explicativa no local


Fiquei muito emocionada por estar ali, especialmente diante de pinturas representadas por várias mãos espalmadas, como se fossem carimbos com  contornos vermelhos, feitas provavelmente por mulheres e crianças, não se sabe a que título. 

Esse tipo de desenho foi também encontrado em outras cavernas, o que leva a crer que poderia fazer parte de  alguma cerimônia ritualística.  


Foto tirada de foto do Google Images

Impossível obter respostas precisas para todos os questionamentos que esse desenhos tão remotos trazem, mas os estudiosos tentam incansavelmente recompor o modo de vida de nossos ancestrais. 

Há nessas cavernas desenhos que podem ter sido feitos pelos neandertais, embora a maior parte das pinturas, com representação de cavalos, renas e bisões, já tenha sido feita pelos Sapiens. 


Não consigo descrever minha emoção por ter visto esses desenhos e ter entrado nessas cavernas com formações geológicas de milhões de anos. 

Um privilégio. 

Apenas pequenos grupos, de no máximo 12 pessoas,  com horário agendado previamente, podem entrar ali. São grutas imensas, irregulares, escuras e úmidas, iluminadas apenas pelas pequenas lanternas dos guias que conduzem e informam os visitantes. 

Não é permitido fotografar e nem tocar em absolutamente nada dentro das cavernas, por motivos óbvios. 

A Cueva de Altamira, próxima dali, que concentra pinturas rupestres ainda mais importantes, encontra-se fechada por tempo indeterminado,  para que  esses desenhos preciosos não se percam com o excesso de visitas turísticas.  

É fundamental preservar esses achados extraordinários, para respeitar e compreender nosso passado e também para fazê-los chegar até as gerações futuras. 

Que sorte a minha! 

Só tenho a agradecer à Isa e ao Alê, por terem me proporcionado essa viagem tão maravilhosa. 

Volto ao Porto encantada e transformada. 

Foi tudo lindo demais! ❤️






sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A Atenas dos meus sonhos e a dos meus pesadelos

O Sonho




Desde menina, sempre sonhei em conhecer a Grécia. Encantavam­-me as fábulas de Esopo, que minha mãe lia para mim na cama e, na escola, a matéria de que eu mais gostava era História Antiga, com destaque para Esparta e Atenas. Na adolescência, optei pelo antigo Curso Clássico para fugir da matemática e estudar filosofia. Sócrates, Parmênides, Aristóteles, Platão apresentavam-­me um universo de questões e teorias que me faziam me sentir especial em relação aos pobres mortais, que nem suspeitavam o que era o devir. Alimentei o sonho de conhecer Atenas por muitos anos, mas só fui realizá­-lo em 2006, na companhia de três das minhas amigas mais queridas, Maraíza, Zenaide e Leni.






Chegamos à noite, e nos hospedamo­s num hotelzinho em Plaka, um dos bairros mais animados de Atenas. Deixamos as malas nos quartos e logo saímos para passear pelos arredores e para jantar. Aquele era meu primeiro dia de férias, depois de uma temporada muito pesada de trabalho, e eu estava absolutamente exausta pela viagem. A comida não me caiu bem, mas eu não liguei. 






No dia seguinte, sob um sol escaldante, lá fomos nós para a Acrópole. Quem já esteve lá sabe que a subida é bastante penosa e escorregadia, mas eu, morrendo de sede e queimando ao sol, só pensava em chegar ao Partenon, lá no alto da Colina.  

Queria que minha chegada aos monumentos sagrados fosse reverencial, quase triunfante, mas não deu para ser assim. Eu não me sentia nada bem, o calor era insuportável, não havia um único lugar onde eu pudesse conseguir um pouco de água para beber e havia turistas de todos os lugares do mundo para todos os lados. 










Mesmo assim, eu tentava me concentrar, sentir a força daquelas edificações que atravessaram tantos séculos, imaginar Aristóteles caminhando por ali com seus discípulos. 

Do alto do Partenon, a vista que se tem de Atenas é deslumbrante, mas minha visão se embaralhava e  sequer consegui aproveitar a visita ao Museu da Acrópole. 

Eu sentia uma fadiga extrema e a volta me pareceu ainda mais difícil do que a subida. Minhas amigas estavam felizes e animadas e eu não entendia porque eu estava tão sem energia.

Castigo dos deuses? Naquela mesma noite, os vômitos começaram em jatos violentos.  Isso foi só o começo. Depois, passaram a vir acompanhados de forte desarranjo intestinal, o que me levou a ficar completamente desidratada. Ainda de madrugada, fui levada por minhas amigas para o hospital indicado pelo gerente do hotel, onde passei por uma das piores experiências de minha vida.



O Pesadelo








O Helenik Democratia, era um hospital público, antigo e superlotado, onde todo o corpo médico, enfermeiros, atendentes e pacientes falavam alto ­ como se estivessem brigando o tempo todo, e se movimentavam de lá para cá, de forma rude e estranha. 

Apenas um médico falava inglês e uma de minhas amigas, a Maraíza, conseguiu explicar a ele a minha situação. 

Encaminharam­-me, então, para um ambulatório lamentável, sujo, numa maca ensebada e sem forro. Eu estava passando muito mal e uma enfermeira sem a menor higiene e paciência espetou­-me, com grosseria, uma agulha para me colocar soro, falando alto e rispidamente sem parar. 

O médico havia pedido também um exame de sangue, um eletrocardiograma e uma ultrassonografia do abdômen e como eu estava muito fraca e não conseguia manter­-me em pé, fui colocada numa cadeira de rodas e conduzida para uma outra ala do hospital, de um jeito tão veloz que parecia que eu estava participando de uma corrida. 

Minha barriga doía a cada chacoalhada e minhas amigas tiveram de correr muito atrás do enfermeiro que me conduzia para não me perderem de vista. Quando o enfermeiro chegou a essa outra ala distante, simplesmente largou- ­me ali, sem nada explicar. Também nem adiantaria, nenhuma de nós falava grego. 

Ficamos ali esperando por muito tempo e eu comecei a piorar. Fui perdendo a cor e desfaleci por completo. Minhas amigas começaram a gritar e só, então, os enfermeiros tomaram uma atitude e me colocaram deitada naquele chão imundo. Um médico foi chamado às pressas, fez algumas manobras para eu recobrar os sentidos e, depois de fazer todos os exames de imagem necessários, resolveu me internar.



Deita, que tem mais pesadelo






Maraíza foi cuidar da internação, cheia de burocracia e brutalidades no trato. Quando ela voltou com a papelada, colocaram­-me numa maca e uma nova corrida teve início em direção a outra ala do hospital onde eu seria internada. 

O enfermeiro corria tanto com a maca, que a Zenaide e a Maraíza não conseguiram segui-­lo. Somente a Leni conseguiu entrar no elevador, antes que a porta se fechasse. Quando descemos no quarto andar, porém, ela foi impedida de seguir a meu lado. 

Largaram-­me bem no meio de uma enfermaria cheia de velhinhas muito doentes. Algumas gemiam muito, outras repetiam, sem parar, uma espécie de mantra grego, como se fosse um lamento. 

Eu continuava na mesma maca sem revestimento, sem lençol para me cobrir, sem minhas amigas, rodeada de moribundas estranhas, que não falavam a minha língua e à mercê de enfermeiras rudes, sem a mínima noção de higiene e de polidez. 

De vez em quando mexiam em mim bruscamente, perguntando alto coisas que eu não entendia. Eu estava péssima. A perspectiva de passar a noite ali me apavorava. Talvez  morresse ali sozinha. 

Era o auge do pesadelo.








Para completar, uma enfermeira entra com um carrinho de refeições e deixa uma bandeja com um prato de macarrão branco e um pedaço de frango engordurado em cima de minha barriga dolorida. 

Eu mal podia me mexer com aquilo pesando em cima de mim e gritei em inglês que não podia comer nada daquilo.  

A mulher não entendia e gritava mais alto do que eu, em grego. Eu comecei a fazer gestos para ela levar a bandeja e ela foi ficando cada vez mais brava. Por fim, retirou a bandeja e eu vi que minha amiga Leni estava ali a meu lado. Ela tinha conseguido entrar às escondidas. 

Também estava horrorizada com aquele lugar e imediatamente começamos a pensar num jeito de fugir dali. 

Maraíza e Zenaide durante todo esse tempo estavam tentando nos localizar. O Hospital era imenso e elas começaram a ser perseguidas pelos seguranças. Chegaram a ser expulsas de alguns lugares, mas insistiram na  busca até nos encontrarem. 

Agora eram três a pensar  num jeito de me tirar dali. 

Enquanto isso,  eu cochilava de fraqueza na maca.







Meu sono era interrompido a todo instante pela gritaria das enfermeiras, pelo gemido das pacientes e pelos médicos (mais dois) que vieram me examinar. 

Chegavam perguntando tudo em grego, levantavam meu vestido até o pescoço sem a menor cerimônia, e,  quando falavam alguma coisa em inglês, faziam de novo todas as perguntas que o médico que me internara já fizera.

Como sou alérgica a uma série de medicamentos, minha amiga mostrava-­lhes a lista dos medicamentos proibidos e eles faziam cara de surpresa. 

Ninguém parecia saber o que fazer comigo. Uma desorganização absoluta, coisa de doido! 

Minhas amigas disseram a um dos médicos que se responsabilizavam por minha saúde. Perguntaram se eu poderia ir, quando  o frasco de soro que eu estava tomando acabasse. 

Ele não quis se comprometer. Não respondeu nada, mas a enfermeira retirou o acesso do meu braço quando o soro acabou e não colocou outro. 

Entendemos que aquele era o sinal.

                                                                    

A Fuga





Assim que a enfermeira saiu, minhas amigas me ajudaram a levantar da maca e a calçar meus sapatos. 

Fui apoiada por elas até um imenso corredor, onde me esperava uma cadeira de rodas quebrada e enferrujada, que elas encontraram num canto. 

Não foi fácil sair dali. 

Tivemos de percorrer um longo caminho, denunciadas pelo nada discreto nhec nhec da roda quebrada da minha cadeira, que elas empurravam como podiam. 

Saímos pelos fundos do hospital e quando, enfim, alcançamos a rua, mais uma dificuldade. 

Não conseguíamos pegar nenhum táxi para nos levar de volta ao hotel. É que, em Atenas, os táxis só aceitam passageiros que vão para a sua própria rota, e, ao pará-­los, os taxistas recitam em grego essa rota, já que a maior parte deles não fala inglês. 

Assim, levamos mais de uma hora para conseguir quem nos levasse. Cheguei ao hotel muito fraca, completamente debilitada, mas feliz por ter sobrevivido a essa aventura grega. 

Em seguida, chamamos um médico particular, que me prescreveu repouso, dieta e antibióticos, o que sabotou grandemente minha tão sonhada viagem a Atenas.

Hoje percebo que minha visita a Atenas foi uma verdadeira Odisséia. Quiseram os deuses que eu fosse testada para depois obter a recompensa? 

Não. Não foi o dom da imortalidade que recebi depois do que passei em Atenas,  mas a sorte de ter amigas verdadeiras, que tudo fizeram para cuidar de mim, e a de poder, ainda, aproveitar a viagem, conhecendo outros lugares maravilhosos da Grécia, como Delphos, Mykonos, Santorini e Creta. 

Foi incrível!  Mas isso fica para uma outra vez.

Efigaristó para sempre, meninas!



quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Quem é vivo sempre aparece




Às vezes a vida pede uma pausa, inventa outras prioridades e com elas vêm o adiamento, a preguiça, o esquecimento. Mil motivos, enfim, podem nos afastar de um projeto. Mas sempre é possível tentar retomá-lo. 

Et me voilá! Aqui estou novamente, sem realizar, no momento, nenhuma viagem, mas com muitas coisas para contar sobre aventuras passadas e vividas em vários lugares por onde passei. 

Confesso que não sei bem por onde começar, se sigo uma ordem cronológica ou o fio embaralhado das minhas lembranças. Talvez deixar fluir o que me vier à mente, revendo fotos e antigas anotações possa me ajudar. 

Preparados? Então apertem os cintos e simbora viajar comigo.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Paris!



Sabe aquelas cidades com que a gente sonha desde criança? 
Pois é. 
Para mim, Paris sempre foi assim. 
Eu tinha uma vontade secreta de conhecer Paris, desde sempre, mas só fui realizar esse sonho em 1995. 
De lá pra cá, muitas águas rolaram e eu tive o privilégio de estar na capital francesa por diversas vezes, tanto a trabalho, quanto em viagens de estudo ou de lazer. 




Quando se fala em Paris, algumas pessoas logo associam à conversa um certo pedantismo, uma esnobação  fashion  ou intelectualóide.   
Sinceramente, não é assim para mim. 




Gosto de Paris porque gosto. Porque me sinto feliz lá. Porque acho a cidade incrivelmente linda. Porque me emociono todas as vezes em que me dou conta de que consegui realizar um sonho de menina e ainda estou nadando de braçada. 





 Paris não é para mim uma cidade qualquer. É um lugar para onde estou sempre disposta a ir e de que sinto saudade, quando estou longe. 




Nada de compras caríssimas em lojas de griffe. Nada de hotéis de luxo na rive droite. Nada de badalação. Gosto mesmo é de andar pelas ruas e olhar a cidade, as árvores, o céu, os edifícios, as pessoas que passam. Gosto de me perder em becos  tortuosos com terracinhos floridos, gosto de comer uma baguette com queijo no meio da praça. Gosto de me sentir em Paris. A Paris de meus sonhos de menina. A Paris que ainda me emociona. 




Por isso, pode saber: assim que eu possa de novo,  é pra lá que eu vou!


segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Pernas pra que vos quero




Viajar pela Europa é maravilhoso, mas pode ser muito cansativo.  E sapatos confortáveis são fundamentais.
Nesta última viagem, andei tanto, que  furei a sola de um sapatinho cômodo e querido. Larguei-o, com muita pena,  em Marseille, antes de voltar para Londres.

Acho que só é possível conhecer bem uma cidade quando se anda a pé! Só assim dá para se sentir a energia do lugar:  olhando as pessoas de perto, descobrindo caminhos,  vendo vitrines e observando os costumes.
Adoro embrenhar-me por ruelas e becos desconhecidos, sem saber bem o que vou encontrar pela frente. Perder-me e depois encontrar-me não tem preço!




E é só voltar para São Paulo para eu ficar em crise com meu carro. Sempre volto querendo vendê-lo para começar a  caminhar mais ou  usar só os transportes públicos. Mas num instante desisto da idéia. Nossa realidade é completamente diferente da que se encontra na Europa. Aqui, andar a pé é inseguro, principalmente à noite. As distâncias são muito maiores e os transportes públicos não correspondem às nossas necessidades.

Na Europa,  ao contrário, a menos que se tenha filhos pequenos e que se costume viajar muito pelos arredores, não há necessidade de se ter um carro.
Aliás, andar de carro nas grandes cidades  européias é bem complicado. O preço da gasolina é alto e dificilmente se consegue lugar para estacionar.

Andar de táxi,  só de vez em quando. As corridas, geralmente, são bem salgadas. Cobra-se, ainda, cada volume transportado, exceto a bolsa de mão, e os motoristas não aceitam fazer qualquer corrida e nem levar mais de três passageiros.  Assim, dois casais, jamais podem dividir um único táxi. São obrigados a pegar dois.
 Portanto, quando não se consegue chegar a pé aonde se deseja, resta apelar aos transportes coletivos.


Nas grandes cidades européias,  o  metrô  é a grande opção.
Basta entender como funcionam as linhas, para se chegar a qualquer parte. As estações são enormes e muitas vezes decoradas com outdoors ou motivos alusivos ao bairro em que se situam. Muitas são extremamente sujas, devido ao número absurdo de usuários.  E é preciso ter boas pernas para se enfrentar as muitas escadas, já que  nem todas as estações têm elevadores.  Em Londres e Paris, por exemplo, anda-se "quilômetros" para se chegar à plataforma de algumas linhas.  E as estações estão sempre lotadas de dois tipos de pessoas. Os apressados,  na maior parte das vezes locais, e os lerdos e enrolados,  geralmente  turistas, perdidos entre mapas e câmeras fotográficas. Mesmo assim, a menos que você seja muito rico, não dá para visitar uma grande cidade européia sem fazer uso do metrô.

Andar de ônibus também é agradável porque se pode observar a cidade de um jeito um pouco menos cansativo. Mas isso depende muito do horário e do trajeto. Na hora do rush, nos grandes centros, os ônibus ficam muitos cheios e as ruas completamente congestionadas.

De qualquer modo, lá, ao menos, a rede de transportes públicos  é  eficiente.



É  possível, ainda, nas  grandes cidades, alugar-se uma bicicleta. Esse é um sistema que tem se popularizado muito, principalmente entre os  turistas mais jovens. As bicicletas estão sempre nos pontos estratégicos e, para alugá-las, basta efetuar o pagamento com um cartão de crédito, numa máquina que fica ali , bem ao lado das bikes. O cartão vai cobrando o tempo de uso até que a bicicleta seja devolvida numa dessas áreas  espalhadas pela cidade. É um sistema inteligente que funciona muito bem.



Os trens são também muito difundidos na Europa e fazem conexões com todas as grandes estações de metrô. Assim, de trem tanto se pode ir à periferia da cidade como aos aeroportos, cidades mais distantes e até a um outro país!


Fico maravilhada com o sistema de transportes que se tem por lá. E com uma pontinha de  inveja também.


Mas do que gosto mesmo é de calçar um sapatinho bem cômodo e sair batendo pernas por aí...

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Sous le ciel de Paris



Há dias que passam em branco, que são arrastados pela mesmice. E há dias recheados, plenos de emoções e acontecimentos. Dias inesquecíveis.
Não posso me queixar.
Tenho vivido dias intensos,  nesta minha jornada pela Europa.

Em Londres, afetivamente intensos. O reencontro com Isabela, a possibilidade de participar de sua rotina na cidade, conhecer seus amigos e fazer minhas próprias descobertas, tudo foi muito especial.

Mas,  fim de curso pede férias.
Destino? Sul da França. Uma viagem em busca dos sabores e aromas da Provence.

As milhagens foram suficentes para a viagem de avião, mas teríamos de ir por Paris, já que não consegui vôo direto para Lyon.
Fui obrigada a fazer o "sacrifício". Uma passadinha. Menos de 24 horas em Paris.







Viajar de avião nem sempre é a melhor alternativa. Tem-se de chegar ao aeroporto com algumas horas de antecedência, para enfrentar as filas de check in e todas as exigências de controle de passaportes e bagagens das autoridades locais.
E começou cedo nossa maratona.

Havíamos nos deitado tardíssimo na noite anterior, depois da  festa de encerramento do Cordon Bleu e acordamos às 6 da manhã. O aeroporto de Londres, Heathrow, fica longe da casa da Isa e, como preço do táxi é bem alto por estas bandas e levaríamos apenas uma mala pequena cada uma, resolvemos ir de metrô.
Acontece que as linhas diretas de metrô que levam ao aeroporto estavam em reparos, naquele sábado.  Tivemos de fazer mil baldeações, mudando de linhas e completando o trajeto de ônibus para, enfim, chegar ao nosso terminal. Depois das filas, conferências e revistas de praxe, ainda  esperamos horas para embarcar porque  problemas de tráfego aéreo atrasaram todos os vôos. Resultado: só chegamos ao aeroporto de Paris às 4 da tarde.

Muito tarde? Ainda tem mais.

O aeroporto ali estava um caos e não havia nenhum trem naquele dia partindo de Charles de Gaule. Tivemos de pegar uma navette cdgval para ir até um outro terminal e lá pegamos um ônibus até uma cidadezinha dos arredores, onde pegamos , enfim o trem até Paris.




Já passava das 6h00 da tarde.
Estávamos famintas e exaustas, mas foi só chegar e sentir o incrível charme da cidade, para saírmos mais que depressa do hotel e cairmos no mundo!
Impossível resumir o quanto aproveitamos Paris. Talvez justamente  porque não tivéssemos quase tempo, conseguimos extrair dela o máximo possível em menos de um dia.




Nosso hotel era minúsculo, mas muito bem localizado, a poucos passos da estação Clunny- La Sorbonne e, assim, subimos o Boulevard Saint-Michel até a Fontaine de Saint-Michel e lá estávamos nós passeando pelas margens do Sena, com seus bouquinistes, em meio a uma multidão de pessoas desfrutando, ainda, daquele lindo dia de sol, um presente para esta época.

Fomos então à Notre- Dame e depois nos embreamos pelas ruazinhas da Rive-Gauche, passando pelo Pantheón, pela Igreja de Sainte-Geneviève,  continuando em direção às Arenes e ao Jardin de Plantes.

Como nem tínhamos almoçado, aproveitamos para jantar no maravilhoso Hamamm da Mosquée de Paris.
Alimentadas e descansadas, voltamos a pé lentamente, passeando pela região da Sorbonne e pelo Quartier Latin, fervilhando na Rue Saint-Severin, com seus restaurantes multi-raciais lotados.




Tomei um sorvete de morango e depois fomos para  a Rue Saint-Andrè-des-Arts. Adoro aquele pedaço, cheio de ruelas e passagens. E, claro, fiz questão de mostrar à Isabela o restaurante mais antigo de Paris, onde políticos e intelectuais se encontravam desde meados do século XVII - o  Le Procope.
Depois, continuamos nossa jornada pelo Boulevard Saint-Germain, passando pela Igreja de Saint-Germain-de-Prés e pelos famosos cafés Les Deux Magots e Café de Flore, que eram frequentados por artistas e intelectuais do século passado, como Sartre, Simone de Beauvoir, Picasso e Camus.



Voltamos a pé para o Hotel, mais de meia noite.


No domingo, depois do café da manhã  já saímos para aproveitar mais um pouco de Paris.

O tempo  não estava tão aberto e até choveu um pouco. Mesmo assim, como ainda estava tudo fechado, pegamos o metrô e fomos para a Rue de Bac, visitar a Capela da Medalha Milagrosa. A seguir, fomos de metrô para Madeleine. Demos uma volta por lá e então fomos até Les Halles. Dali, fomos caminhando até o Museu Georges Pompidou e descansamos na incrível praça vizinha com instalações da Nicky de Saint- Phalle. Voltamos  devagar, apreciando a cidade. Passamos pelo Hotel de Ville, atravessamos as pontes sobre o Sena, descansamos mais um pouco na praça em frente à Notre Dame.


De lá, caminhamos sem pressa, fuçando várias lojinhas, já todas abertas, então. A Isa comprou um vinil raro num  sebos de discos e eu, para variar, comprei mais um bloco de anotações e um livro.

Chegamos ao hotel quase três da tarde, pegamos as malas e fomos de ônibus para a Gare de Lyon, onde compramos uma baguete enorme recheada de presunto cru, alface e tomate seco,  almoço que comemos como um banquete no trem que  nos levou para Lyon.


Estávamos novamente famintas e exaustas, mas felizes da vida. Paris sempre vale a pena. Mesmo só por algumas horas. Tem sabor de quero mais.